Uma gota de orvalho caiu na madrugada, instalou-se numa pétala de rosa e, com os primeiros raios de sol, tomou a aparência de um diamante, encantado a todos com o seu brilho e a sua pureza.
Uma outra também caiu e, coitada, misturou-se com a terra, sujou-se, enlameou-se e ficou desprezível. Alguns nem a viram e até (quem sabe?) viram e pisaram com os inadvertidos pés humanos, que costumam pisar.
Que diferença há entre uma e outra?
Não vieram as duas do mesmo céu, no mesmo orvalho?
O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler debaixo dos longos ramos de um velho carvalho, desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar.
E como se eu não tivesse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante chegou, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
"Veja o que encontrei!"
Na sua mão uma flor - que visão lamentável - pétalas caídas, pouca água ou luz. Querendo ver-me livre do garoto com a sua flor, fingi pálido sorriso e me virei. Mas em vez de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
"O cheiro é óptimo, e é bonita também... Por isso a peguei; é sua."
A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá. Então me estendi para pegá-la e respondi:
"O que eu precisava."
Mas, ao em vez de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos. Ouvi a minha voz sumir, lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.
"De nada", ele sorriu, e então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia.
Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu ver-me sob um velho carvalho? Como ele sabia do meu sofrimento?Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão.
Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim eu. E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradecido a Deus por ver a beleza da vida, e apreciei cada segundo que é só meu. Então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa. Sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor nas suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.
Chega.
Cansei.
Não dá mais.
Eu quero a minha dignidade de volta.
Eu quero voltar a embrulhar peixe na feira.
Quero voltar a ser papel picado.
Quero voltar a ser chapéu de soldado para as crianças brincar.
Quero ser tapete da porta do pobre.
Cortina de apartamento em reforma.
Forro no chão do carro.
Mas pelo amor de Deus.
Eu não quero mais cobrir o corpo de ninguém.
Não quero mais sentir o frio do asfalto, muito menos o calor do sangue. Não quero não.
Se eu que sou papel de jornal não aceito mais, imagina um nosso
semelhante ter um fim deste.
Então faz o seguinte: arranca.
Isso: arranca essa página.
Não vou ficar chateado, é por uma boa causa.
E mostra - me para o amigo, para a mulher, para o chefe, para o frentista, para o delegado, para a vendedeira na feira, , para o juiz, para a prostituta, para o político, para os seus filhos.
Mostra que também estás cansado.
É pouco, mas já seremos dois.
Se formos cem, seremos um batalhão.
Mil, um exército.
Marcha soldado, cabeça de papel.
Juntos, conseguimos transformar este jogo contra a violência.
Juro por aquele sujeito lá no alto do Céu que, caso
não saiba,
É O NOSSO GENERAL
Que Jesus te abençoe e te guarde para sempre...
Um abraço fraterno...
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