Um marido e sua esposa estavam passando por uma estrada rural para visitar alguns amigos. Passaram por uma poça de lama e o carro ficou atolado.
Depois de alguns minutos de tentativas frustradas de retirar o carro, viram um jovem agricultor descendo a estrada, conduzindo alguns bois. Ele parou quando viu o casal em dificuldades e se ofereceu para puxar o carro para fora da lama.
O casal aceitou e minutos mais tarde o carro estava livre. O agricultor, virou-se para o marido e disse:
- Sabe, você é o décimo carro que eu ajudo a tirar da lama hoje.
O marido olha o agricultor e, sem acreditar muito, pergunta:
- E como é que tem tempo para trabalhar na sua terra? À noite?
- Não, respondeu o agricultor muito sério, à noite é quando eu ponho água no buraco.
Existem muitas pessoas sempre dispostas a ajudar a resolver problemas, e existem outras que passam o seu tempo tornando mais difícil a vida dos outros.
Talvez o seu dia seja cheio de oportunidades para ajudar outros
Certa vez, o tempo e o relógio se encontraram (embora estejam todo tempo juntos).
O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha guardando.
Que ele, tempo, tinha saudades daqueles tempos em que não existiam relógios e todo mundo tinha tempo. Mas, quando o homem, ingrato, fabricou o relógio que começou a marcar tempo, ninguém mais conseguiu ter tempo. O homem ficou reduzido a horas, minutos e segundos.
"Antes, naqueles bons tempos" - disse o tempo - "todo homem tinha tempo de admirar a natureza. Viviam com o sol de dia, dormiam com a lua à noite".
"Quando a lua caprichosa não queria aparecer, era um bando de estrelas que piscavam brincalhonas, dando tempo para o sol nascer".
"Mas agora, nestes tempos, ninguém mais tem tempo de ver se a lua vem sorrindo para a direita ou para a esquerda, se está de cara cheia ou de mau humor, sem querer aparecer".
O tempo prosseguiu com um sorriso de tristeza.
"Antigamente - que tempos! - os homens nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não havia incubadora para os fora de tempo nem cesariana para os que passam do tempo. A natureza sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já obedece a você, mesmo antes de nascer. Os médicos estão apressados e sem tempo para perder".
O relógio só ouvia e, apressado, prosseguia no seu tic-tac sem tempo de, responder com medo de se atrasar.
"Noutros tempos" – disse o tempo – "o homem crescia sem pressa, com tempo de amadurecer. Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono. Fazia amor ao relento, como flores que se beijam, como aves que se aninham. Envelhecia aos pouquinhos, como um calmo entardecer. Depois, dormia o sono profundo e, no outro despertar, abraçava-me com carinho, no infinito...no infinito...".
O tempo enxugou uma lágrima, talvez de orvalho. A voz que estava embargada tomou uma conotação de revolta:
"Hoje, vai logo para a escola e traz para casa um horário. Quando aprende a ler as horas ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem cedo a maneira mais correcta de nunca ter tempo na vida".
O tempo não se preocupava mais com o tic-tac do relógio que nada respondia para não se atrasar. Continuou a sofismar com voz mais branda.
"Come apressado, sem tempo. Dorme ainda sem sono, pois, de manhã bem cedinho, você começa a gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria dormir".
"Amor? Nem sei se ainda faz... há gente que nem tem tempo. Quando faz é no zás-trás. Quando vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar".
"Na hora do sono profundo, enterram-no apressados, para a vida continuar. E no outro despertar, chega tão atordoado que não consegue me achar".
Ao relógio, sem poder nunca parar, só restava se calar. Além do sentimento de culpa que passou a carregar, a partir desse tempo, quando bate as doze badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão melancólico que até parece chorar
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